terça-feira, 1 de maio de 2012

Requiem de Berlioz na catedral

Nunca ouvi em concerto esta obra prima de Berlioz, o grande compositor francês do romantismo. Em Portugal não me lembro de ser programada. Envolve um enorme esforço logístico e muitos, muitos ensaios...

Vou no próximo mês ouvi-la em Londres, na St. Paul's Cathedral, com a London Symphony Orchestra dirigida por Colin Davis - talvez os maiores especialistas na obra, com uma gravação de referência e já muito experimentados em concerto - os intérpretes perfeitos ! Escusado dizer que tenho grandes expectativas para esse dia.

A Grande Messe des Morts tem uma orquestração arrasadora, grandiosa até mais não, sobretudo nos metais, na percussão e no côro. Não é uma obra meditativa ou espiritual como outros Requiems (mesmo o de Verdi é mais introspectivo!) - é sobretudo uma obra espacial, de um romântico excessivo, de um visionário desmedido. E às vezes é mesmo disto que sinto precisar.

Na primeira execução nos Invalides, em 1837, Berlioz usou 400 músicos. As suas indicações eram:

"O número de executantes é apenas indicativo; se o espaço permitir, o côro pode ser duplicado ou triplicado, e a orquestra aumentada em proporção."

Em St. Paul serão "apenas" 200 músicos, com 4 secções de metais nos 4 cantos da igreja e 12 tímpanos (!!) mais o coro da LSO a ribombar na enorme cúpula, que não fica atrás da dos Invalides para onde Berlioz compôs a obra. Berlioz foi um precursor da "espacialidade" da música - o público deverá estar no centro , com os executantes em redor criando um palco imenso...

Enfim, mania das grandezas...

Colin Davis, LSO, Wandsworthchorus - versão integral


Para quem quiser só um excerto, o clímax da obra é o Lacrimosa, sobretudo os minutos finais:


Dados musicológicos aqui.

1 comentário:

Virginia disse...

Roo-me de inveja....adorava assistir a um concerto desses...mas neste momento as minhas prioridades e visitas a Inglaterra terão outra finalidade.

Da primeira vez que fui a Londres em 1969, assisti a toda a cerimónia da Páscoa em Westminster Abbey e fiquei rendida. Aliás sempre que vou lá , passo por St Martin in the Fields, onde oiço sempre um concerto by candlelight....
Boas recordações....