sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Susan Graham, 'La Belle Époque' - canções de Reynaldo Hahn


As canções de Reynaldo Hahn marcaram (e estão muito marcadas por) os anos de paz entre duas guerras conhecidos por Belle Époque - entre a guerra Franco-Prussa e a 1ª Grande Guerra. Foi, como agora vinha sendo com a construção da União Europeia, uma época de bem-estar e esperança no futuro, de renascimento cultural e de confiança na humanidade; pensava-se a utopia dos Estados Unidos da Europa. Tudo foi arruinado por uma quezília mesquinhamente nacionalista e um assassinato contratado. Tem graça, não lembra nada? Ucrânia, Crimeia ? Sérvia de novo ? O caso Skripal ?

"No século XX, a guerra irá morrer, a forca irá morrer, o ódio irá morrer, as fronteiras irão morrer, os dogmas irão morrer, o Homem viverá."
Victor Hugo, 1879 , discurso no Congreso de Marselha.

Esse intervalo de 1870-1914, uns escassos 44 anitos, foram 'anos de ouro' da cultura francesa. Foi a Arte Nova, foi Gauguin, Matisse, Toulouse-Lautrec, Monet, Rodin. Em Viena, a Secessão com Klimt e Otto Wagner. Na literatura, os últimos anos de Victor Hugo, Proust, Baudelaire, Thomas Mann (que já anunciava o desgraçado final e a chegada da guerra). O excesso foi dado pelos poetas Simbolistas: Baudelaire, Verlaine, Rimbaud - quase-surrealistas. E o Cabaret, sim, o Cabaret parisiense nos seus anos de glória. Na música, a opereta era a correspondência adequada,

Neste ambiente, Reynaldo Hahn ganhou prestigio como compositor de canções 'fáceis' mas 'cultas', que o público feminino adorava. Musicava sobre poemas simbolistas - Verlaine, Daudet, e Victor Hugo o precursor.

Uma exaltação trágica ultra-romântica, quase religiosa mas naturalista, inspira os poemas que Reynaldo Hahn escolheu para conquistar popularidade. Aqui ficam três exemplos, numa gravação de 1998 da mezzo-soprano Susan Graham - no melhor período da sua voz - com o pianista Roger Vignoles. Para acabar o ano em beleza.

À Chloris


L'énamourée
(...)
Ta voix pure, cette lyre,
Suit la vague sur les ondes
Et, suave, les effleure,
Les effleure, suave,
Comme un cygne qui se pleure!

Ainda mais melancólica,
Je me souviens



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