sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

O melhor CD para dar de prenda ?
À Portuguesa (em parte)


Surpeendente, esta gravação da Orquestra Barroca Casa da Música, dirigida por Andreas Staier. Não estava à espera de tão elevada qualidade quer na prestação da Orquestra liderada pelo excelente violino Huw Daniel, quer no som do cravo em que Staier também intervém como solista. Suponho que que a acústica da Casa também deu o seu contributo.


Assisti ao concerto que reproduziu esta gravação, conforme relatei aqui. Na sala, o cravo mal se ouvia, mas no disco é um prazer estar atento à execução de Staier destas obras alegres, para divertimento palaciano.

Para mim, o mais duvidoso até é o conhecido 2º Concerto para cravo de Carlos Seixas que Staier dirige num corridinho acelerado, ao contrário de um vagar mais solene a que eu estava habituado noutras gravações. Torna-se mais evidente o virtuosismo de compositor e executante, mas quanto a mim houve exagero, pedia-se mais gravitas. Já o primeiro concerto de Seixas, em La maior, é uma inesperada inclusão que valoriza o disco.

O ponto alto, tal como aconteceu no concerto, não é português mas italo/ibérico: a famosa Musica Notturna de Boccherini que já referi num post anterior. Staier conseguiu uma reinterpretação de génio, com mais energia e alegria, com mais colorido orquestral, que supera quanto a mim a gravação de Jordi Savall e passa a ser a nova referência. A alternância de instrumentação, dinâmicas, ritmos e melodias proporciona uma audição muito viciante.

Duas notas:
- À Portuguesa (Alla Portugesa) é o título de uma das obras incluídas nas Bizzarie Universali do inglês William Corbett (1680-1748).
- Duvidoso, o gosto da capa (painel de azulejo? ), mas como era de recear o feérico colorido do galo de Barcelos... vá lá... ;D


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