segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Upernavik, o sítio da Primavera
Upernavik ("O Sítio da primavera" ) é uma pequena e longínqua comunidade na costa Noroeste da Gronelândia . A 72º de latitude, é o último porto visitado pelos ferries costeiros de Ilulissat.
Foi fundada em 1772 como colónia de pescadores dinamarquesa. Os antigos edifícios de comércio e negócio são agora um museu aberto. As casas pintadas nas cores do arco-íris contrastam com a brancura da paisagem.
Upernavik ainda é uma importante base de pesca do halibut e de caça de focas e baleias. Aproximadamente 1150 habitantes, muitos de etnia inuit, têm nessa actividade o seu modo de vida e sustento. Em 1824, uma pedra rúnica Viking foi encontrada nos arredores de Upernavik. Continha caracteres rúnicos do fim do século 13. Nunca um artefacto Viking tinha sido encontrado em tão altas latitudes - prova de que eles não se ficaram pelas terras verdes do Sul, mas exploraram grande parte da costa ocidental da ilha.
A pedra rúnica
Conjunto histórico (museu)
Igreja antiga, agira parte do museu
Primeiro dia de aulas - uma festa.
Radio Upernavik
O sol da meia noite e a longa noite polar alternam num ciclo anual, com as 24 horas de luz a vigorar de 12 de Maio a 1 de Agosto.
A disfrutar o sol da meia noite
Por sua vez, a noite polar vai de 4 de Novembro, último dia onde se vê um segundo de Sol, até 5 de Fevereiro, quando o seu regresso é festejado com alegria.
Natal em Upernavik
Upernavik é uma mistura da cultura antiga de caçador e da nova indústria "high-tech" das pescas; trenós de cães e motas de neve convivem no dia a dia.
Hospital de Upernavik
"Upernavik , mais do que o limite da navegação segura para Norte, é a mais remota fronteira da vida civilizada" Henri Thoreau
Mudanças climáticas - de novo, mais confusão
O gelo veio mais cedo este ano!
Em 2009 o gelo chegou mais cedo aos portos do Norte da Gronelândia, que podem já não abrir mais nesta temporada. As populações que vivem ao longo desta costa vão sofrer com a falta das mercadorias que habitualmente são entregues uma última vez por esta altura do ano. A culpa é do gelo invulgarmente espesso (30 cm) que se instalou nos portos.
(Sermitsiaq News)
Voltarei em breve a esta questão.
domingo, 29 de novembro de 2009
Os blogs do ano (para o Livro da Areia)
Os blogs que descubro com permanente prazer, surpresa e proveito:
1 - estrangeiros:
Architechnophilia
Burstofbeaden
Adagio
Mostlyopera
2 - portugueses:
De Rerum Natura
Dúvida Metódica
Prémio revelação:
[suss]urros
Prémios especiais do júri (!!!), com um abraço agradecido, para os compagnons de route amigos do Livro :
Diz que não gosta de música clássica
Garden of Philodemus
Outras Escritas
sábado, 28 de novembro de 2009
A Biblioteca de Exeter: um pequeno filme que é uma obra prima!
A nova Biblioteca Phillips de Exeter, na Inglaterra , é uma obra magnífica do arquitecto estoniano, nascido em Kuressaare, Louis Kahn.
Com trechos filmados antes de a Biblioteca abrir, foi feita esta curta metragem de apresentação, que tem tanta coisa ao mesmo tempo - cinema, escultura, arquitectura, pintura, fotografia, música...
(ver em Full Screen)
A música é de "For Absent Friends" dos Divine Comedy.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Imagens da semana
A mesquita Istiqlal de Jacarta demorou 17 anos a construir. Desde 1978 que não cessa de se modernizar. Cada um dos 12 pilares está equipado de um écran plasma que retransmite as preces do imam, e de prateleiras bem fornecidas de exemplares do Corão. As mulheres separam-se dos homens por grandes painéis de madeira sobre rodas. (John Van Hasselt/Corbis)
Bailado de surf sobre uma vaga em tubo, Cornualha. Com vento a mais de 100km/h ! (John Heslop /Abaca)
Restos de escuna, de Nadir Afonso. Beleza (e) matemática.
Do blog Espacillimité.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Obras Primas absolutas da Música – 2 : Beethoven litúrgico
Depois de Händel, é a vez de Beethoven. Não vou citar a 9ª, obviamente opera maxima, mas sim a outra obra onde a dimensão, o génio musical e a o atrevimento de inovar foram mais longe. Podia estar a falar das sonatas para piano, sobretudo as últimas, compostas em simultâneo. Também as levava para a ilha deserta. Mas a obra de Beethoven que constantemente mais me espanta, surpreende, dá novas pistas e sempre me comove, é a Missa Solemnis.
Eu que até nem sou crente ... deixo-me submergir na paixão e emoção, na espiritualidade, na sumptuosidade e na irresistível torrente de música que jorra na Missa Solene. Poucas obras ( a 2ª de Mahler, com certeza) me proporcionam uma experiência tão intensa de descida aos abismos e redenção. Os acordos finais (dona nobis pacem, pacem, pacem...) são do mais belo e arrepiante que se pode ouvir em toda a história da música. Uma obra que sussurra o seu fim até a um silêncio que é obrigatório prolongar, depois de quase hora e meia de formidável intensidade dramática.
Encomendada para a cerimónia da entronização do arquiduque Rodolfo como arcebispo de Olmütz, em 1820, a Missa Solene demorou quatro anos a ser composta, com numerosas interrupções, especialmente porque Beethoven compunha também ao mesmo tempo as ultimas três sonatas para piano; e só foi estreada a 10 de Abril de 1824 em São Petersburgo, num concerto organizado pelo principe Galitzine.
“É a maior obra que compus até agora”, escreveu Beethoven. A obra seria terminada com três anos de atraso, após o acontecimento que ela deveria celebrar.
"Esta missa aparece-nos hoje como uma imensa oratória que não tem lugar na liturgia, tanto por causa da sua duração como do efectivo requerido e pelo carácter espectacular e complexo da composição. (...) Na luta, constante em Beethoven, entre a dúvida racionalista e a fé, parece aqui que a fé triunfa, uma fé pouco ortodoxa sem dúvida, onde o criador de todas as coisas e o criador de génio dialogam de igual para igual.” (Roland de Candé )
Reconhecendo a importância da orquestra na Missa Solene, Wagner considerou-a como uma grande sinfonia sagrada, com solistas e côro.
Pela dificuldade de execução e pela larga escala orquestral e coral, é poucas vezes executada com dignidade em Portugal. A não perder em qualquer oportunidade...
As interpretações que prefiro:
Otto Klemperer (referência clássica)
H. von Karajan
Georg Solti (orq. Chicago, Lucia Popp, grande dinãmica)
Ph. Herreweghe (referência digital. H.i., côro )
Uma obra coral sinfónica não pode ouvir-se bem no Youtube, nem em colunazitas modestas; mas enfim, ilustro com o Benedictus , dirigido por Bernstein.
Fonte citada: Mezza Voce, Antena 2
domingo, 22 de novembro de 2009
46 crateras de meteoro na Europa
No mínimo, pois há mais crateras de origem duvidosa. Há uns milhões de anos, a superfície da Terra devia estar pejada de covinhas como na Lua. A maioria situa-se na Rússia, Ucrânia, Finlândia e Suécia.
Trata-se de um conjunto de 9 crateras , das quais a maior tem 110 metros de diâmetro e está inundada, formando o Lago Kaali. As crateras devem-se à queda de uma chuva de meteoros, resultante da fragmentação na atmosfera de um grande meteoro ferroso; no total, seriam umas 80 toneladas de calhau.
Isso aconteceu "recentemente", no período Holocénico, há uns 2700 anos - à volta de 660 A.C.. ( a maioria das outras crateras europeias, invisíveis, têm milhões ou biliões de anos). A queda deve ter dado origem a uma formidável explosão (comparável a Hiroshima) e a um vasto incêndio florestal.
O engraçado é que em 660 A.C. já havia populações humanas por ali, sem dúvida; e na mitologia daquela área surgiu um culto ao local da ilha onde os meteoros tinham caído.
O lago de Kaali foi local sagrado (ainda é ), de culto e de sacrifício. O Kalevala, narração épica da mitologia finlandesa, refere-o assim: no céu, um feiticeiro mau rouba o Sol , provocando a escuridão total; outro feiticeiro tenta recriar o Sol a partir de uma faúlha, mas ela cai à Terra, num lago. A bola de fogo é vista pelos heróis finlandeses, que lá se dirigem a colher o precioso fogo.
Estas e outras fontes levaram à fantasiosa mas bonita teoria de que a famosa Thule (Ultima Thule para os romanos) do navegador grego Pytheas (séc IV A.C.) não fosse outra senão...a ilha de Saaremaa ! Primeiro, porque Thule é palavra cuja origem nunca se descobriu - ora, em Finlandês antigo, quer dizer "fogo"; e depois porque Pytheas , apenas 300 anos depois do cataclismo cósmico, descreve Thule como o lugar "onde o Sol se deita a descansar", aludindo não aos 6 meses de noite ártica (como se pensava) mas à queda da bola de fogo !
Bem, fantasias à parte, a ilha de Saaremaa, no Golfo de Riga, é uma jóia - já no século XIX era uma estância balnear famosa e requintada do Báltico; tem uma pequena mas elegante capital , Kuressaare (antes chamada Arensburg) , um belo conjunto de moínhos de madeira sobre pedra (únicos no mundo), um castelo fortificado e umas igrejas (capelas seria mais ajustado) góticas magníficas.
Ah! Quase me esquecia do mais importante. No verão, há um festival de ópera junto ao castelo de Kuressaare; Neeme Jarvi costuma lá ir com a sua Sinfónica da Estónia; e Elina Garanca também é estoniana...
Nunca fui a Saaremaa; mas gosto destas viagens virtuais, toma-se conhecimento de um novo mundo sem sair de casa e quem sabe, alguém poderá tirar proveito.
sábado, 21 de novembro de 2009
Obras primas absolutas da Música - 1 : árias de Händel
É sem dúvida discutível, mas se tivesse que escolher para uma ilha deserta as obras mais belas e criativas de toda a música, as árias de Handel estariam em 1º lugar destacado. A saber:
Angels ever bright and fair (Theodora)
As With Rosy Steps The Morn (Theodora)
Kind heaven, if virtue be thy care (Theodora)
Oh Sleeep why dost thou leave me (Semele)
Where’er you walk (Semele)
I know my redemeer liveth (Messias)
Ev’ry valley shall be exalted (Messias)
He was despised (Messias)
Lascia ch'io pianga (Rinaldo)
Enjoy the sweet Elysian grove (Alceste)
Gentle Morpheus, son of night (Alceste)
Come Fancy, empress of the brain (Alceste)
Still caressing and caress’d (Alceste)
Tornami a vagheggiar (Alcina)
Verdi prati, selve amene (Alcina)
Mi lusinga il doce affetto (Alcina)
Scherza, infida (Ariodante)
Va tacito e nascosto (Giulio Cesare)
V'adoro, pupille (Guilio Cesare)
Dove sei, amato bene (Rodelinda)
Piangerò la sorte mia (Rodelinda)
My breast with tender pity swells ( Hercules)
Ombra mai fu (Xerxes)
Amo Tirsi, ed a Fileno (Clori, Tirsi e Fileno)
What passion cannot music raise and quell (Ode a Santa Cecília)
But oh! What art can teach (Ode a Santa Cecília )
Eternal source of light divine (Ode for the birthday of Queen Anne)
Tra le fiamme (Cantata italiana HWV 170)
E muitas mais haveria. São tantas que dá vertigem, como de um só humano pode brotar tanta criativa beleza, tanta melodia, tanta harmonia. Parece que Händel tinha uma receita secreta para criar novas árias. E na época até teve mais êxito com os célebres coros...
Exemplo: But Oh! What art can teach
But oh! what art can teach,
What human voice can reach
The sacred organ's praise?
Notes inspiring holy love,
Notes that wing their heavenly ways
To join the choirs above.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
A Alice de Tim Burton - trailer
Não permite embed, por isso vai o link:
http://www.youtube.com/watch?v=LjMkNrX60mA
Uma Alice in Wonderland algo bela, algo monstro, muito provocadora, tudo executado com formidável mestria - eis o que se prevê. Revisão do Cheshire Cat.
Então ninguém foi à Gulbenkian?
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Em audição
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Eternal source of light divine
O "encore" de Carolyn Sampson e a A.A.M na Casa da Música, uma ária etérea da Ode for the birthday of Queen Anne de Händel.
Canta aqui Elin Manahan,
Eternal source of light divine
Agora uma versão para contratenor, mais próxima da escrita de Händel (castrato)
Canta Robin Blaze:
Eternal source of light divine
with double warmth thy beams display,
and with distinguish'd glory shine,
to add a lustre to this day.
domingo, 15 de novembro de 2009
Fim de semana de luxo na CM: Purcell e Händel
Sábado, a Academy of Ancient Music com a soprano Carolyn Sampson; domingo, a Akademie für Alte Musik de Berlim. Ambos com um programa baseado em peças de Purcell e Händel. Uma benesse que tão cedo não se repetirá na Casa da Música.
A Academy de Cambridge apareceu em formato reduzido. Como já seria de esperar, o seu forte são os sopros, magníficos, e foram temas onde oboé e trompete se salientaram que marcaram o melhor da noite, nas árias onde a voz ágil e limpa de Carolyn Sampson deu o seu melhor, em diálogo com esses dois instrumentos: Hark the echoing air (da Fairy Queen) e Let the bright Seraphin (Samsão de Händel) . Momentos de uma perfeição inesquecível, mas o Lamento de Dido foi também sublime, cantado com tanto empenho e intensidade que fez esquecer a pouca extensão da voz de Sampson.
A Akademie de Berlim tem uma sonoridade muito mais sumptuosa, e pratica mais abundantemente a agógica barroca. A afinação é mais cuidada, as cordas de melhor qualidade. Assim , paradoxalmente, foram os alemães a proporcionar um Händel mais festivo e luxuriante.
Pronto, acabou assim em beleza barroca a minha temporada 2009. Não seja 2010 pior...
Carolyn Sampson canta Händel nos Proms 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Chuva na Terra, água na Lua, já não falta tudo.
No mês passado a NASA fez uma experiência - lançou uma nave suicida contra a Lua, como um projéctil, numa zona onde as análises espectrais revelavam presença de água: a calote sul, perto da cratera Cabeus. Se lá estivéssemos, víamos uma coisa esquisita a cair do céu a grande velocidade e rebentar no solo com grande espalhafato - uma enorme nuvem de poeira e vapor que subiu a 1,6 km. Foi um sucesso.
Mas faltava agora analisar esse vapor. Outra nave, a LCROSS, que assistiu ao trambolhão do foguete Centaur, se encarregou disso. Analisados os dados no espectrómetro de infravermelhos, não ficou qualquer dúvida - vapor e gelo equivalente a cerca de 100 litros de água foram expelidos no impacto !
Imagem da sonda indiana Chandrayaan, de Setembro:
O azul é a assinatura espectral da água, o verde é o brilho da superfície à luz do Sol, e o vermelho é de compostos
de ferro. Vê-se bem que são calotes polares que albergam mais água subterrânea.
Mais na BBC news.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
A Lit & Phil de Newcastle
Newcastle-Upon-Tyne é uma cidadezinha histórica na costa leste do Reino Unido, com grande protagonismo na revolução industrial, com um Teatro Real muito lindo (onde há temporadas de Shakespeare) numa magnífica rua georgiana em crescente (rampa e curva) como só os ingleses sabem fazer. Tem excelentes livrarias e museus, e desde que foi Capital Europeia da Cultura tem as margens do rio Tyne mais bonitas, com passeios urbanizados e edifícios culturais modernos
Mas o que me leva a fazer este post é uma instituição tipicamente british que tive o gosto de visitar quando por lá andei : a Lit Phil, ou seja, a Literary and Philosofical Society.
É a maior biblioteca fora de Londres, com 150 000 livros (500 são anteriores ao séc XVIII), e também uma enorme e famosa colecção de música – tudo acessível por requisição – de cerca de 7000 CDs , 10000 LPs e 6000 pautas, começada há 100 anos, e que não pára de crescer.
Fundada em 1790 como clube reservado de “conversação”, discutia tudo excepto política e religião. Todos os temas “conversados” eram apoiados em livros. Teve desde início um cariz liberal: a primeira mulher foi admitida logo em 1804 (!) , demonstrações tecnológicas inovadoras tiveram aí lugar na época áurea da revolução industrial. Joseph Swan demonstrou os bolbos eléctricos de luz em 1880, iluiminando a sala de leitura, a primeira sala pública com luz eléctrica. Entre os conversadores mais famosos está Oscar Wilde, e entre os membros da Sociedade, Robert Stephenson (máquina a vapor).
Situada ao lado da estação de combóio, toda a sua madeira treme quando o expresso para Edimburgo acelera. O edifício georgiano é magnífico, no caminho da muralha romana de Adriano , que atravessa a cidade.
A colecção de livros antigos é o ponto forte da Lit & Fil.
A Sociedade continua um clube reservado a sócios, mas a biblioteca está aberta à requisição, mesmo dos livros antigos. È um gosto ver livros velhinhos, com patine, a viajar de comboio ou para a mesa da sala de estar de cada um. São lidos à noite para adormecer crianças ou levados para citação em palestras depois do chá.
Quando voltam à biblioteca, trazem uma manchita de Porto, migalhinhas de bolacha ou uma folha de feto entre as páginas. Contam histórias, não só textuais, mas de toda a gente que os folheou.
Achei piada também aos CDs da colecção da biblioteca, muito arrumadinhos, todos em caixinhas vermelhas iguais .
Voltava com gosto a Newcastle upon Tyne, tanto mais que nos arredores há sítios inesquecíveis: Robin Hood Bay, uma vila de pescadores numa ruazinha em rampa sobre uma baía de sonho; o castelo de Bamburgh, na praia; a cidade em cascata de Whitby, cenário de filme, parece saída de Dickens ou Austen.
E sentar a ler um livrinho da Lit&Phil.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Francesco Alberoni: a educação sem datas
Nos últimos 40 anos, os pedagogos quase destruíram as bases do pensamento racional e os fundamentos da nossa civilização. E fizeram-no com a ajuda de uma única decisão: eliminando as datas, acabando com a obrigatoriedade de apresentar os factos por ordem cronológica. Agora é normal ouvir dizer que Manzoni viveu no século xvi. Não há razões para espanto porque na escola já não se ensinam os acontecimentos pela respectiva ordem temporal, dizendo, por exemplo, que Alexandre Magno viveu antes de César, que, por sua vez, viveu antes de Carlos Magno, e só depois vem Dante e, em seguida, Cristóvão Colombo.
Esta pedagogia foi importada dos Estados Unidos, um país sem história que tenta anular as raízes históricas dos seus habitantes para que se tornem cidadãos norte-americanos. Aplicá--la a Itália, produto de uma estratificação histórica com 3 mil anos, e ao resto da Europa, que tem raízes culturais gregas, romano e judaico-cristãs, é equivalente a destruir-lhes a identidade. Ao contrário de nós, as civilizações islâmica e chinesa estudam obstinadamente a sua história, para se conhecerem melhor e se reforçarem.
Ler mais:
http://www.ionline.pt/conteudo/32100-estudar-as-datas-na-escola-ajuda-compreender-identidade-do-pais
O Vivaldi de Vivica Genaux
Vivaldi pyrotechnics trailer
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Espectacular Marte ! Planeta lindo...
Algumas das fotografias (tratadas) da NASA - ver mais em
http://www.boston.com/bigpicture/2009/11/martian_landscapes.html
domingo, 8 de novembro de 2009
Ciclo Árvores e Poesia - XIII
Robert Burns (1759–1796), Poems and Songs.
On hearing a Thrush sing
Sing on, sweet thrush, upon the leafless bough,
Sing on, sweet bird, I listen to thy strain,
See aged Winter, ’mid his surly reign,
At thy blythe carol, clears his furrowed brow.
Canta, meigo tordo, no ramo desfolhado,
Canta, pássaro amigo, a melodia estou a escutar
Vê o idoso Inverno, no seu soturno reinado
À alegre cantiga o sobrolho franzido alçar.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Sortes e azares, privilégios que até nem são
Terei eu sorte por morar a 5 min. de Serralves e 10 min. da Casa da Música? Parece que sim , à primeira vista é um privilégio. Quem dera a muita gente. É o cúmulo querer o Quai d'Orsay ou o Concertgebow ao lado de casa...
A dimensão, o protagonismo, a projecção nos media de Serralves e da CM estarão ao mesmo nível da qualidade da programação, quando comparados com os congéneres de outras cidades europeias? Não falo do espaço físico -magnífico, superlativo - mas apenas da programação. Não há uma itinerância artística relevante que passe pelo Porto. O Porto não está em tournée nenhuma de seja quem fôr . O Porto só conta com prata da casa. Ora era bem melhor termos uns museus pequeninos, como os da Suíça, ou velhinhos, como os de Praga, que até estão incluídos em itinerâncias de primeira grandeza; e salas de concerto modestas, como em Graz ou Bergen, onde passam intérpretes primeiros da actualidade.
Os 10 min. até à Casa da Música vão afinal proporcionar-me até final de 2010 ... muito pouco. Mesmo. - como agora se diz :(
É uma programação abundante, muito variada e em brochura de luxo, bom papel, cores e impressão. Tal como a Casa, invólucro de muitíssmo boa qualidade. Mas quem temos para ouvir? Do barroco ao contemporâneo, sempre os mesmos intérpretes "da casa". Não há dinheiro para convidar ninguém , gasta-se todo .... na Casa ! A Casa fecha-se , sem portas nem janelas, contente de si, investindo em si.
Longe de mim, claro, depreciar a ONP ou a OBCM ou o Remix. Tenho muito gosto neles, desejo que tenham todas as oportunidades de se aperfeiçoar e se fazer ouvir. Mas 48 concertos da ONP, é obra ! e de fora, só da Galiza - a orquestra Filarmónica Real, uma noite. É pouquíssimo. E a Midori, com a ONP. Muito Mahler ? Sim, mas com a ONP sempre. Handel ? com a ONP. Mozart, Beethoven, Ravel ? ONP. Convenhamos que cansa e não educa o público a ouvir outras sonoridades. Antes tivesse uma casa mais modesta e baratinha cheia de vida cosmopolita.
A programação da CM para 2010 é TRISTE. Muito abundante e variada- mas TRISTE.
Tenho sorte por morar a 10 min. da Casa da Música? Não me venha ninguém dizer que menos sorte tem porque mora em S. Miguel de Baixo, ou porque não ganha sequer para a sopa. Porque, evidentemente, tem toda a razão.
Eu é que não me consolo com a minha....sorte.