Mais uma viagenzita virtual pelos confins da nossa Europa mais articamente remota... para variar desta secura sahariana e pró-alérgica.
Bem acima do círculo polar, a Igreja de Trondenes é a igreja medieval europeia situada mais a Norte.












- NUM GRÃO DE AREIA
O MUNDO INTEIRO VER -
Mais uma viagenzita virtual pelos confins da nossa Europa mais articamente remota... para variar desta secura sahariana e pró-alérgica.
Bem acima do círculo polar, a Igreja de Trondenes é a igreja medieval europeia situada mais a Norte.
Estou com sono, muito sono, quase não consigo manter os olhos abertos. Ainda agora fui ali tomar mais um café e tentar ler o jornal, mas caí de bruços em cima da página 5 com o sono, tanto sono.
Isto porquê? Há 3 dias, quando voltava de manhã a casa justamente depois da leitura matinal, tive um ataque alérgico como nunca. 20 ou 200 espirros, o nariz como uma torneira aberta. Foi preciso chegar aos 60 para uma crise destas. Sejam as poeiras do Sahara ou os pólens dos carvalhos, a verdade é que sucumbi.
Como não sou asmático, o que eu precisava mesmo era de um anti-histamínico, rápido. Milagre: hora e meia depois da Cetirizina, estava curado. E veio a sonolência.
No dia seguinte, findo o efeito, começo outra vez a pingar. Nova dose, e estou para aqui pareço um zombie. Nariz sequinho, mas cabeça tonta, tão tonta. Não consigo ouvir música nem fazer um post de jeito.
Por isso vou socorrer-me de coisas em arquivo, e nada de música, até ver. E dormir a sesta, uma longa sesta.
David Hockney, 2011
Actualmente com uma excelente exposição na Royal Academy of Arts. que vai depois para o Guggenheim de Bilbao (de Maio a Setembro).
Para mim, o maior pintor vivo.
Lucerna tem desde há muito o melhor dos festivais de música clássica, IMHO. Outos terão melhor programação, e sobretudo terão ópera, que em Lucerna falta; mas não há melhor sítio nem altura para assistir a todas as estrelas actuais do universo musical concertante.
Ontem foi um dos ponto altos da programação 2012 da Casa da Música. Com sala cheia, Sokolov tocou Rameau, Mozart e Brahms.
Um novo Matisse, «Le Rêve», 1940, colecção privada:Jogo de geometrias, capacidade de evocação pela forma e pela cor
Como uma laranja, a obra de Henri Matisse é um fruto transbordante de luz.
Guillaume Apollinaire
Matisse conforta e sossega. O pintor da justa medida, da luz, da claridade e da aceitação, sem sombras de tragédia ou excessos, sem concessão ao mistério. Uma vida feliz.
Insensível às vanguardas que se agitam à sua volta, Matisse não adere a nenhuma. Nem ao fauvisme violento de Vlaminck, nem ao cubismo de Braque e de Picasso, nem ao futurisme e onirismo de Chirico...
Parece que Matisse, à porta de um mundo mais sonhador ou agitado, recusa entrar. A felicidade será o seu verdadeiro tema: janelas abertas sobre uma doce claridade, odaliscas, pombas brancas esvoaçando entre plantas verdes, estatuetas polinésias, cerâmica japonesa."Intérieur au rideau égyptien": a felicidade segundo Matisse.
En 1930, Matisse iria surpreender com um novo método e uma nova linguagem: em vez de pintar, usava folhas de papel colorido e, com tesoura, cortava nelas a seu grado formas prodigiosas que depois colava. Método que atingiu o melhor nos famosos Nus Azuis de 1952:
Enquanto a pintura engagée só oferece mensagens sinistras, Matisse ainda nos emociona e comove. É uma festa em período de crise.Próxima do «Rêve», «A blusa Romena», 1940: um artista à procura de uma linguagem própria.
«Matisse, paires et séries», Centre Pompidou, de 7 de Março a 18 de Junho
Fontes:
Le Figaro aqui e aqui
Centre Pompidou
Nova imagem do Hubble. R136 é um agrupamento maciço de jovens estrelas, na Nebulosa 30 Doradus, uma região turbulenta da Nuvem de Magalhães que é um monstruoso infantário estelar.
Muitas das estrelas com aspecto de diamante azul estão entre as mais maciças estrelas conhecidas, 100 vezes mais pesadas que o Sol. O seu destino é um grande estouro, um fogo de artifício em cadeia, formando supernovas dentro de um milhão de anos.
As mais brilhantes cavam um fosso no material circundante, à força de luz ultravioleta e rajadas de vento estelar (partículas carregadas electricamente).
Estas forças imensas desenham cavidades, bolhas, faixas, colunas, em choques sucessivos que vão dar origem a ondas de novas estrelas.
Cá em baixo, sofremos com a crise da dívida.
NASA, ESA
Não é invulgar que um músico tenha uma fixação numa obra, e se torne especialista quase exclusivo nela. Como Gilbert Kaplan com a 2ª de Mahler, Gould nas Goldberg, Colin Davis em Berlioz, Tom Koopman em Bach...
Não será um caso tão extremo, mas o que Renée Fleming melhor cantou e como ninguém, várias vezes, foi a Canção à Lua da Rusalka.
E vale a pena ouvi-la mais que uma vez, e acompanhar a evolução da voz, descontando a qualidade variável do som gravado. Voz de ouro, voz de seda, ei-la no seu melhor. Passatempo de fim-de-semana :)
Na Gala Tucker, 1991
Em Tóquio, 2001
Numa récita da Rusalka, Paris, 2002
Em Praga, 2002
A encerrar os Proms, em 2010
E ainda há Atenas 2009 ...
A minha perferida? Entre Tóquio e Praga, talvez Paris...
Trad. inglesa:
Silver moon upon the deep dark sky,
Through the vast night pierce your rays.
This sleeping world you wonder by,
Smiling on men's homes and ways.
Oh moon ere past you glide, tell me,
Tell me, oh where does my loved one bide?
Tell him, oh tell him, my silver moon,
Mine are the arms that shall hold him,
That between waking and sleeping
Think of the love that enfolds him.
May between waking and sleeping
Think of the love that enfolds him.
Light his path far away, light his path,
Tell him, oh tell him who does for him stay!
Human soul, should it dream of me,
Let my memory wakened be.
Moon, oh moon, oh do not wane, do not wane,
Moon, oh moon, do not wane...
A XVII festa das Camélias na Biblioteca, envolta nos jardins do Palácio, neste fim de semana 10 e 11.
Flores de Inverno num Verão antecipado a mais de 23ºC ! A nossa estrela-mãe também não sente a crise, tal como os BRICS, está pujante de força. O anti-ciclone não ajuda e empurra a chuva para longe. Vejamos flores, então.
Que diferente soa ! Uma atenção infinita ao detalhe, uma valorização dos sopros como nunca antes, a enfatização extrema do crescendo/decrescendo frequente em Mahler. Estes dois andamentos são do mais sublime que já ouvi.
Mahler, Sinfonia nº4
3º e 4º andamentos aos 27:55
Ivan Fischer, Orq. Concertgebouw
Confesso, eis uma das minhas fraquezas ! Gosto destes tipos... os Magnetic Fields são uma banda de culto de Nova Iorque , de estética bastante "retro" - cultivam o gosto pela melodia simples que entra no ouvido, vozes roucas ou mesmo desafinadas, instrumentos pobres - banjo, acordeão, ukelele... as letras são em geral histórias de amor tragi-cómicas, deprimidas mas irónicas, mas bem inventadas e trabalhadas.
O produto final, acho eu, é de uma beleza primordial. Não há aqui grande produção nem grande técnica. Não vende. Mas diz-nos qualquer coisa de pessoal e poético que nos mexe, como o antigo Leonard Cohen mexia. Embalamos naquelas "musiquinhas" quase de circo, quase de cabaret, e ficamos pendurados nas palavras bonitas e tristes, ou ridículas e bonitas.
Os Magnetic Fields são meio underground, têm um pequeno nicho de fans absolutos e "corporativos" - vão de terra em terra atrás deles, assistir a concertos sempre dados em pequenas salas mais ou menos íntimas - têm horror aos estádios e pavilhões.
Vêm à Casa da Música a 1 de Maio, e apesar de trazerem sintetizadores :( voltarão certamente a visitar os clássicos.
Asleep & Dreaming
Two kinds of people
Seduced and abandonned
Peço desculpa por este post atípico, vou já rezar 3 ave-marias e 10 pai-nossos para lavar o pecado :D
Talvez a melhor obra de Michael Nyman, este concerto para saxofone e orquestra na forma de um longo andamento (17:48) tem momentos de grande música, trabalhada com emoção e invenção.
Sabe bem ouvir coisas novas e bem feitas. Nem tudo é tempo perdido. E, com a chuvinha bem-vinda, há esperança.
Michael Nyman, Where The Bee Dances
John Harle, Bornemouth orchestra