sexta-feira, 13 de outubro de 2017

O Homem Novo soft deste novo Orçamento.


Foi o mito de um Homem Novo que alimentou revoluções e ditaduras. Muitos filósofos - Heidegger, Gramsci, Adorno, Marcuse - sustentaram esse objectivo sem se darem conta ( ou deram ?) de que promovia regimes destrutivos do próprio Homem. Foi o desastre nazi e o desastre soviético, o da China maoísta e o da Cuba guevarista, e agora o desastre islâmico do Daesh/Isis. Também a Igreja católica prega o Homem Novo que advirá com a cristandade universal, tão carneiro no rebanho como qualquer dos anteriores. Desconfiemos, portanto.



A democracia moralista reinante na Europa e no Ocidente tem outra aproximação ao Homem Novo, mais soft, apoiada no "politicamente correcto" que nasceu do relativismo e do ecologismo. Diz-se igualitária, ecológica e social, mas não deixa de ser uma imposição estatal de um modelo de vida que culpabiliza como criminosos os que não cumprem, fazendo-os pagar caro nos impostos e na censura social.

O Homem Novo da moda actual, plasmado no nosso novo Orçamento de Estado, é ciclista ou usa transporte público não poluente, é vegetariano, magrinho e saudável, faz jogging, recicla cuidadosamente, compra no comércio justo, faz campismo de aventura; não fuma, não bebe, não consome açúcares nem comida processada; instalou energia solar para aquecer a casa e trata um cão exemplarmente como irmão animal, um igual. Não tem vícios, é completamente  insípido. E o regime gasta milhões em propaganda - revistas, TV, cartazes na rua - a apelar ao seguimernto do canon; para Homem Novo soft, um Big Brother soft.


Felizmente, a ficção dita "cientifica" e o cinema têm-se encarregado de divulgar outras imagens do Homem Novo que será o nosso futuro: mais ou menos o mesmo que agora ! Robotizado, informatizado, mas sempre fraco ou genial, criminoso ou herói, gordo ou magro - nunca carneiro.

O verdadeiro homem não está no futuro, não é um objectivo, um ideal a que se aspira; está aqui, no presente, existe mesmo: seja eu quem for, alegre ou enfermo, criança ou velho, confiante ou céptico, a dormir ou bem desperto, sou Eu. Eu sou o verdadeiro Homem.
                                                                                                                                              Max Stirner


2 comentários:

Gi disse...

É verdade, Mário, que nos andam a tentar formatar nos moldes "politicamente correctos". Não me parece verdade que não o consigam, porque nos bombardeiam a todas as horas de todos os dias, com todos os meios (e "media").
Por mim, estou a ficar cada vez mais "soft", embora ainda tente pensar e analisar o que me propõem, e me valha de alguns princípios que se estão a tornar mantras, como "small is beautiful" sobretudo no que diz respeito ao Estado.

Mário R. Gonçalves disse...

Eu tenho um feitio mais rabugento, Gi ;D.

Concordo que a pequena dimensão (de pais, de cidade, do Estado, do carro...) ajuda.
À grande, só viajar.