Nas linguagens nativas do ártico há dezenas de diferentes palavras para a neve e o gelo:
kaniq, qirihuq, qirititat, nilak, nilak, nilaktaqtuq, hiku, hiquaq, hikuaqtuaq, hikurhuit, hikuqihuq, hikuliaq, maniraq, hikup hinaa, qainnguq, manillat, kassut, iluliaq, ilulissirhuq, auktuq, quihaq, hirmiijaut...
Gelo de água doce, mar gelado, gelo fino, gelo no interior da tenda, gelo em fusão, gelo flutuante, agulhas de gelo, dunas de gelo, esquina de gelo, colina de gelo, rio de gelo, geada, neve fofa…
Quando um caçador inuit vai em corrida no trenó de cães, o tipo de gelo faz a diferença entre a vida e a morte - deslizar ou afundar. O gelo é a única estrada, a única bebida, e até o único material para construir um abrigo. Não admira que exija precisão de linguagem.
Pensei nisto e tentei inverter a situação. O que é que os Inuit não têm e nós temos em abundância e variedade? Ora bem: árvores. Se um deles cá viesse, choupo, pinheiro, carvalho, oliveira, acácia, salgueiro, arbusto - tudo, para o nosso esquimó, não passaria de "árvore"...
kaniq, qirihuq, qirititat, nilak, nilak, nilaktaqtuq, hiku, hiquaq, hikuaqtuaq, hikurhuit, hikuqihuq, hikuliaq, maniraq, hikup hinaa, qainnguq, manillat, kassut, iluliaq, ilulissirhuq, auktuq, quihaq, hirmiijaut...
Gelo de água doce, mar gelado, gelo fino, gelo no interior da tenda, gelo em fusão, gelo flutuante, agulhas de gelo, dunas de gelo, esquina de gelo, colina de gelo, rio de gelo, geada, neve fofa…
Quando um caçador inuit vai em corrida no trenó de cães, o tipo de gelo faz a diferença entre a vida e a morte - deslizar ou afundar. O gelo é a única estrada, a única bebida, e até o único material para construir um abrigo. Não admira que exija precisão de linguagem.
Pensei nisto e tentei inverter a situação. O que é que os Inuit não têm e nós temos em abundância e variedade? Ora bem: árvores. Se um deles cá viesse, choupo, pinheiro, carvalho, oliveira, acácia, salgueiro, arbusto - tudo, para o nosso esquimó, não passaria de "árvore"...
Já agora, uma palavra nova: sastrugi.
Denominação de estrias ou elevações no gelo paralelas à direcção do vento. Observadas também em...Marte !
3 comentários:
Muito interessante este seu fascínio pelo norte...
Um abraço
Bem observado. Claro que entendo porque tem o gelo para os inuit todas essas variações. Não me teria lembrado da comparação com as árvores, que hoje em dia talvez não seja tão importante para nós destrinçar como, sei lá, os carros ;-)
Alberto, do Norte sou, para Norte vou, desnorteado...
é capaz de ser uma pulsão telúrica...
Gi, sempre gostei e gosto cada vez mais de árvores, coisa que lá no Ártico não há. Carros, já abundam :( .
O que me atrai é provavelmente ser a última fronteira de desconhecido, de aventura e descoberta, de perigo e de imprevisto. O resto do mundo está cada vez mais igual.
E depois aquela pristina pureza do gelo..
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