O homem que cavalga longamente por terrenos selváticos sente o desejo de uma cidade. Finalmente chega a Isidora, cidade onde os palácios tem escadas em caracol incrustadas de caracóis marinhos, onde se fabricam à perfeição binóculos e violinos, onde quando um estrangeiro está incerto entre duas mulheres sempre encontra uma terceira, onde as brigas de galo degeneram em lutas sanguinolentas entre os apostadores.
Ele pensava em todas essas coisas quando desejava uma cidade. Isidora, portanto, é a cidade de seus sonhos: com uma diferença. A cidade sonhada o possui jovem; em Isidora, chega em idade avançada. Na praça, há o murinho dos velhos que vêem a juventude passar; o homem está sentado ao lado deles. Os desejos agora são recordações.
As Cidades Invisíveis - Italo Calvino
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Histórias curtas IV : Italo Calvino - Isidora
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