É como nos carros: se queremos muito "estilo", raça, brilharete, vamos para a "machina" italiana; se preferimos solidez, fiabilidade, técnica irrepreensível, é o modelo alemão que mais nos satisfaz.
Confesso que estou cansado de brilharetes, fogo de artifício, pirotecnia e quejandos. Sabe bem desenjoar com esta voz absolutamente fantástica, não porque nos dê vertigens, mas porque nos dá uma sensação de infalível segurança, conforto e domínio técnico. É um mecanismo soberbo, bem oleado, à vontade em terrenos difíceis, permitindo ir longe sem sofrer sustos...Bernarda Fink é a mezzo perfeita para cantar Bach.
Dito isto, Bernarda Fink é argentina (Buenos Aires, 1955) e de pais eslovenos. Já gravou Bach com Gardiner, Harnoncourt, Herreweghe , Jacobs e agora Müllejans.
J.S.BACH Vergnügte Ruh! (BWV 170) , Bernarda Fink
Paira muitos céus acima de Scholl , na versão até aqui de referência. O que distingue Bernarda Fink de todas as vozes de contratenor em voga neste reportório? Querer sentir o texto sem medo de o exprimir. Não ser apenas uma voz musical etérea mas uma mulher de corpo e alma que incarna uma mensagem. Instinto poético e facilidade retórica. Conforto vocal e emocional.
Do livrinho do CD:
Em 1726 Bach entrou num período de inovação criativa em Leipzig; renunciando aos corais, dedicou-se ao diálogo entre voz e parte instrumental. Estas três árias são o culminar desse desenvolvimento.
A melhor gravação de cantatas de Bach desde há anos.
1 comentário:
Esse tipo de "engenharia" alemã/argentina não deixa de ter o seu charme ... :-)
Enviar um comentário