Sombreros é uma obra prima, que nos maravilha com uma espécie de mundo alternativo onde a luz, a sombra e o movimento são os elementos essenciais, a que se juntam texto, voz, corpo, canto, música, orquestra...
O que me conquistou logo nos primeiros minutos foi a estética: lindíssimos quadros de dança a preto e branco, imagem e reflexão, transportando-nos para um universo poético próximo do de Peter Pan, com magnifica movimentação e efeitos de sombra projectada ou a 3 dimensões (corpos-sombra). As sombras também podem ser rebeldes e ter vida própria...
Depois vêm outros quadros onde nos deslumbra também a tecnologia: com vários planos do palco a ser usados simultâneamente, num difícil trabalho de sincronização, há texto falado, há a orquestra a interagir ao vivo, há dois ou três planos de fundo iluminados, ora verticais, ora horizontais, ora inclinados, com projecções de padrões que interagem com os bailarinos, há a magnífica música de Bryan Eno - um esfuziante e vertiginoso espectáculo de criatividade total que por vezes não cabe nos meus olhos e ouvidos, passa além das capacidades dos sentidos - só podia abarcar uma parte daquela torrente audiovisual.
Com ritmo variado, a complexidade cresceu até um ponto paroxístico e depois amainou num final algo frustrante, humorístico mas de nível inferior, com uma citação do "Era uma vez no Oeste" de Sérgio Leone, os olhos de Henry Fonda a fazerem o bailado final, aquela música na harmónica de Ennio Morricone...
Só lamentei não poder repetir: beleza, é isto, é criar uma realidade de onde não apetece sair.
Já tinha feito uma referência a Sombreros aqui neste blog.
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