domingo, 20 de setembro de 2009

Novidades sobre a "Passagem do Nordeste"

Ainda há pouco publiquei dois posts sobre a "Rota do Mar do Norte ", e já há novidades: pela primeira vez na história, a Rússia permitiu a travessia a navios ocidentais - dois cargueiros alemães fizeram a viagem directa de oriente para ocidente, desde a Coreia do Sul até ao porto de Arkhangel, no Noroeste da Rússia, onde chegaram ontem, 19 de Setembro. O quebra-gelos que os acompanhou nunca foi necessário - sinal da recessão da capa de gelo ártica.

“Atravessar a Passagem do Nordeste tão eficiente e profissionalmente, sem incidentes e logo à primeira tentativa, é o resultado de uma longa preparação e do trabalho de equipa entre os capitães dos navios, os metereologistas e a tripulação"
Niels Stolberg, presidente da companhia mercante alemã "Beluga".


O "Beluga Fraternity" e o "Beluga Foresight" são os navios que fizeram história. A viagem foi um verdadeiro acontecimento - nunca navios estrangeiros tinham feito a Rota do Mar do Norte. Claro que se prevê, com a activação comercial da rota, um tráfico crescente - poupa mais de 8000 km, 10 dias de viagem, e evita a pirataria. Beneficia também o desenvolvimento económico das regiões árticas da Rússia servidas por portos. Finalmente a Sibéria poderá entrar no mapa da modernidade.

"É o renascer desta Rota, finalmente, e de todo o norte da Rússia", diz o chefe comercial do porto de Arkhangel.

A fusão do gelo do ártico pode ser má notícia para outras zonas do globo, mas vai permitir o crescimento civilizacional e económico de muitas regiões até aqui ignoradas, abandonadas e deprimidas.

Vídeo sobre a travessia aqui:
http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/8264445.stm

4 comentários:

Gi disse...

Vi vagamente essa notícia, mas na altura não me apercebi que eram os primeiros navios não russos a fazer a viagem.
Fico contente por a Rússia internacionalizar a passagem. No total, parece-me uma boa notícia.

Sobre as alterações climáticas ainda tenho muito que ler: há quem diga que são inevitáveis e que o que há a fazer é aprender a tirar o melhor partido delas. Não sei se a premissa é verdadeira, mas vale a pena pensar pelo menos na consequência.

Mário R. Gonçalves disse...

Sim, com certeza que as regiões frias do ártico e antártico vão beneficiar, à custa das nossas áreas "temperadas". É de esperar um movimento de migração como nunca se viu, a começar dentro de umas dezenas de anos. E já começou a "corrida" pelo domínio dessas zonas - os mares e recursos da Gronelândia e Canadá, agora a expectativa com a costa da Sibéria.

Até penso comprar uma dacha com palmeiras e jardim com vista para o quentinho mar do Norte...

Boa noite!

Alberto Velez Grilo disse...

Caro Mário

Muito interessante esta informação que está a disponibilizar no Livro de Areia sobre a navegabilidade nos mares do Norte. Confesso que há aqui factos que eu desconhecia completamente.

Quanto à questões das alterações climáticas, confesso-me um pouco pessimista.

Um abraço

Mário R. Gonçalves disse...

Os cenários catastrofistas estão na moda. Não se deixe influenciar por esse "clima", Alberto. Sempre houve alterações climáticas em curso no planeta, os ciclos de calor e de frio sucedem-se, mas à escala humana tudo de passa muito devagarinho. Há de haver tempo para nos adaptarmos.

Quanto aos meus posts sobre o Ártico, obrigado - acho que um blog também serve para isto: aprender (eu) e comunicar coisas novas.

Mário