sábado, 17 de julho de 2010

Lições do famoso ensino na Finlândia

Sucesso de 100%, uma escola feliz; este vídeo ajuda a perceber porquê: quadro preto, repetições em uníssono com a professora, laboratórios físicos em vez de simuladores, intensas relações humanas dentro e fora da escola, estabilidade total ao longo do tempo. Tudo ao contrário de cá - novas tecnologias a esmo e ao quilo, turmas enormes, promoção de inamizades ou ódios competitivos e hierárquicos, instabilidade total nas regras, nos currículos, nos espaços escolares, no corpo docente...


fonte: BBC

Regra nº1 - uma pequena, estável e amável comunidade escolar
Regra nº2 - Não passar a vida a mexer no sistema
Regra nº3 - o saber transmite-se fisicamente, de pessoa a pessoa, falando, experimentando com as mãos e os cinco sentidos, e não por tecnologias interactivas.

10 comentários:

Moura Aveirense disse...

Concordo plenamente, aliás tenho referido muitas vezes a indignação no meu canto ...

Mário R. Gonçalves disse...

Eu sei, Moura, não tenho perdido os seus posts...

Mas há que continuar a denunciar a pouca vergonha da gestão do ensino de cá, água mole em pedra dura... e com a distinta lata de se fazerem mudanças à toa e argumentar com o "modelo finlandês", como fez o anterior ministério.

Nada podia estar mais em contradição com o modelo "Maria de Lurdes" que o modelo finlandês...

Sara Raposo disse...

Olá:

Gostei muito do seu post.Vou colocar uma hiperligação no Dúvida Metódica.

É sempre salutar ver alguém pôr em evidência, no âmbito da educação em Portugal, a hipocrisia do discurso político.

O uso atabalhoado do "modelo finlandês" é só uma forma de atirar areia para os olhos dos portugueses (que pelos vistos não se incomodam muito, a avaliar pela quase ausência de contestação às sucessivas medidas catastróficas no domínio da educação). Além disso, copiar os outros, ignorando as abissais diferenças, é um modo de ocultar o vazio de ideias e o desorientação dos nossos políticos que nos governam para o seu proveito próprio e não estão nada preocupados com a educação das pessoas e o futuro do país.

Infelizmente, depois de tudo a que tenho assistido nos últimos tempo nas escolas, já não acredito em mudanças, limito-me a ensinar os alunos o melhor que posso. Pois, penso que nem os portugueses, em geral, vão mudar de natureza, nem os políticos, nem alguns professores...

Enfim, estamos mesmo na cauda da Europa, como se conclui após o visionamento da vídeo da BBC. A solução é mesmo, para quem pode, sair do país...
Cumprimentos

C. disse...

Excelente post. É curioso que algumas das metodologias (turmas mais pequenas, grupos de tutoria, etc.)poderiam perfeitamente ser implementadas e estimuladas no nosso país. Há, contudo, uma filosofia de vida - e da importância da vida escolar - que estamos muito longe de conhecer e de levar à prática. Basta ver a importância que é dada, e que é valorizada no clip, ao papel da família, que acompanha com interesse, o que se passa na escola.
Outro aspecto relevante: na Finlândia há um sistema educativo, e não políticas educativas. Além do mais, como é dito, a escola pertence aos professores e aos alunos.
Os nossos políticos (de muito má memória e actuais) só aproveitam, do melhor que existe pelo mundo, o que lhes interessa. Na educação como em muitas outras coisas. Existe um enorme desperdício de qualidades humanas e profissionais de que ainda havemos de nos arrepender.

Cumprimentos

Mário R. Gonçalves disse...

Bem-vinda, C., e obrigado.

"Existe um enorme desperdício de qualidades humanas e profissionais de que ainda havemos de nos arrepender."

Penso que esse desperdício já se acumula desde há anos, os melhores saem do sistema, já "temos" o dever de estar arrependidos...

Gi disse...

E veja-se a propósito a notícia de hoje no Público.

Paulo disse...

Também tinha lido essa notícia do Público, Gi. Ainda há pouco tempo estive a olhar para a minha pequena escola primária, já encerrada, e para uma outra, alargada, onde já estudam muitos mais alunos. Se eu voltasse agora à Primária e vivesse no mesmo sítio onde vivia, teria de andar todos os dias uns quatro quilómetros (a dividir por dois). E não me parece que haja agora menos crianças na aldeia. Diferença: agora todos os pais têm carro para levarem os meninos à escola e há uma série de décadas íamos todos a pé e na brincadeira.

Mário R. Gonçalves disse...

Caro Paulo,

"todos os pais têm carro para levarem os meninos à escola" - se ao menos isso fosse verdade, só se perdia a brincadeira pelo caminho; mas os "mega" agrupamentos de escolas espalhados pelo país vão obrigar muitas crianças a acordar de madrugada para fazer 20 km de camioneta por estradas nem sempre seguras. E ao fim são excaixotadas em salas com computadores para ... 30 alunos. Ao contrário do que as autoridades "pedagógicas" pensam, há uma dimensão mínima e uma dimensão máxima para uma socialização feliz; 600 alunos é uma brutalidade que só acarreta indisciplina e mau ambiente.

Paulo disse...

Claro, Mário. Não mencionei esses casos porque são evidentes. Referia-me apenas a um caso específico que conheço bem e por pura nostalgia. Infelizmente, sei muito bem que uma viagem de dois quilómetros não é nada em comparação com as de dezenas de quilómetros que muitas crianças têm de fazer diariamente.

Gi disse...

Naquele tempo eu também ia a pé para a escola, e parava pelo caminho a brincar com os cães... mas as ruas eram calmas, os carros poucos e rolando tranquilamente, e não havia medo de raptores e pedófilos.