sexta-feira, 24 de julho de 2009

Até ao meu regresso !

Em jeito de despedida por uma breve semana nos Açores, resenha de coisas boas para ler / ouvir / ver:

  • A gravação do ano: o Idomeneo de Mozart, por René Jacobs, é nova referência absoluta nesta ópera. Depois de dado por perdido em comercialite, Jacobs ressucita de forma espectacular: prazer auditivo ao máximo expoente. Bernarda Fink e a incrível orquestra barroca de Friburgo ajudam.

  • A re-edição do ano: A Guerra das Salamandras de Karel Capec, livro de culto e obra prima da ficção científica, que li várias vezes antes dos 30. Irei ler de novo. Agora que penso nisso, parece-me muito actual na visão crítica da humanidade.

  • Bach revisitado: não vou mas gostava de ir ao festival do Estoril ouvir José Miguel Moreno. A chaconne da partita BWV 1004 em alaúde é por si só todo um programa, mas há muito mais!

  • Expo : Serralves, a casa de Serralves, redecorada ao estilo da época, art déco. Ver artigo do Público de hoje. Fui dar um saltinho: está "precioso" ! É um verdadeiro regalo para a vista, apetece não sair mais dali, ficar lá a morar... e a receber !
    1. Boas leituras, boas audições, boa semana, boas férias.



      Via Stellae: Kasarova OUT, Mosuc IN, Haydn sempre

      Pois é, o mal das reservas são as surpresas de última hora. Só agora pude voltar ao Via Stellae, no encerramento, e confesso que gostei mais da abertura. Não é que Kasarova seja uma das vozes que mais me agradam, pelo contrário, mas nunca a tinha ouvido ao vivo e sabia que não desafinava, não esganiçava. Por isso reservei. Mas por doença, hélas, teve que cancelar e foi substituida pela romena Elena Mosuc, por mal dos meus pecados. A Mosuc está em 2 youtubes, um deles a Rainha da Noite da Flauta Mágica, que já não prometiam grande coisa. Ao vivo foi bastante mazinha. Deu cabo do Exultate Jubilate de Mozart com umas esganiçadelas nos agudos e um timbre desagradável, pior ainda nas árias do Giovanni.

      Bom, a orquestra era excelente e a parte dedicada a Haydn esteve óptima: a nº 22 O Filósofo e a nº 101 O Relógio , embora já muito ouvidas, foram interpretadas pela Kammerorchester Basel "comme il faut", ou não fossem alemães: cordas assombrosas, tempi a tender para "da época" com a devida utilização do arco agógico. Acho que os instrumentos eram modernos, mas souberam utilizá-los com "secura", sem rubato - os metais pareceram-me antigos. Digamos que seguiram o modelo Harnoncourt.

      Estou arrependido de não ter ido assistir ao Idomeneo em versão de concerto por Minkovsky + Musiciens du Louvre. Parece que foi muito bom, e o canto nesta ópera é mais importante do que a encenação. Paciência.

      Pelo que sei, o saldo do festival foi super-óptimo (auto-avaliação satisfeita), 25 000 espectadores. Para o ano há mais.

      quarta-feira, 22 de julho de 2009

      A bem do Tua

      clicar

      Telemann - demonstração

      Uma pequena jóia a ilustrar o post anterior.

      Allegro da Trio Sonata em Re menor


      Tocam Voices of Music

      Sabedoria de Telemann

      O grande Telemann era, além de músico, um sábio senhor. Ora aqui vai em triplo idioma para que conste:

      Den schönsten zeitvertreib in unserm ganzen leben
      Weiss doch die musik allein zu geben:
      Denn alles was wir sonst nur von der wollust wissen:
      Es sey ein guter wein; ein leckerhafter bissen;
      Die schlittenfahrt;
      Das spiel; die jagd; und was sonst noch mehr
      Von solcher art;
      Sind im beschluss;
      Nach vorgebrauchtem ueberfluss;
      Wo nicht mir schaden; schmerz; verdruss;
      Doch wenigstens mit ungemach gepaart:
      Allein musik kennt nichts als lauter güte:
      Der anfang ist bequem;
      Das mittel angenehm;
      Das ende wirkt ein ruhiges gemüte.

      -G.P. TELEMANN 1722-

      The greatest pasttime one can life
      Is pleasure that alone music can give
      Everything else that we percieve as good
      Excellent wines or most delicious food
      Sleigh rides or games
      Or hunting or the dames
      Cause in the end
      Especially if overdone
      If not annoyance, damage, or else pain,
      At least adversity shall certainly remain

      Music alone knows nothing but God´s grace
      The start will be so easy
      The middle will sure please ye
      And in the end your mind is full of peace.


      Tout au long de la vie, le meilleur divertissement,
      seule la musique peut nous l'offrir.
      Car toutes les autres voluptés que nous connaissons:
      le bon vin, la bonne chère,
      les promenades en traîneau,
      le jeu, la chasse et bien d'autres choses encore,
      ne sont associées, en fin de compte,
      après en avoir abusées,
      sinon aux pertes, à la douleur, à l'oubli,
      du moins à des désagréments.

      Seule la musique n'offre que des bienfaits:
      le début est aisé, la suite agréable,
      la fin procure l'apaisement de l'Âme.

      G. Ph. Telemann 1722


      Traduções: Hille Perl

      Espantosa Kirsten Flagstad, 63 anos

      Que incrível voz, que fabulosa interpretação!

      Andava eu a navegar pelo Paulus de Mendelssohn - uma pouco conhecida obra algo maçadora mas com pérolas como esta - e pouco satisfeito com as interpretações disponíveis, quando caí no Youtube sobre a sublime Kirsten Flagstad. Na reforma, aos 63 anos , mete todas as contemporâneas num chinelo.

      O "embed" está desactivado, basta clicar:
      KIRSTEN FLAGSTAD
      Mendelssohn's Jerusalem, from Paulus (St.Paul)
      1957
      Mais sobre Kirsten:

      segunda-feira, 20 de julho de 2009

      E que venha Marte!

      A epopeia da viagem à Lua foi uma das grandes obras-primas da Humanidade. Planeada e executada com admirável mestria - e inegável estética! - a missão constituiu um trabalho de équipe esplendoroso, cujo risco calculado permitiu um grau de improviso que foi um dos mais belos momentos e salvou toda a operação.

      Ciência e técnica são obra humana, a arte está nelas sempre presente de alguma forma. Desde o engenhoso projecto (quase à Jules Verne !) e lançamento à entrada em órbita lunar, passando pela emocionante descida do módulo, pelo saltitar sobre a superfície lunar, pelo regresso - tudo são movimentos, ritmos, bailados, enquadramentos, tudo é cinema e coreografia, tudo foi belo! Belo como a 9ª de Beethoven ou a Gioconda de Da Vinci.

      Que venha Marte! Que se componha nova epopeia e nasça uma obra de arte assim tão perfeita! Seria trágico e muito feio se se saldasse num fracasso. A construção de uma base habitada em Marte é da ordem do sonho - daqueles sonhos que fazem mover montanhas.

      Fotos de Marte pela sonda MRO, numa órbita baixa - 320 Km, que definitavamente comprovam a existência de água no subsolo:

      clicar para ver maior - imagens espectaculares

      Resolução: cerca de 1 metro.
      Agora já sabemos situar com precisão alguns dos lagos subterrâneos, e a sua idade - cerca de 300 milhões de anos. O próximo passo é enviar robots - ou humanos ? - à procura de fósseis !

      Céu de Verão


      To see the Summer Sky
      Emily Dickinson

      To see the Summer Sky
      Is Poetry, though never in a Book it lie --
      True Poems flee --

      sábado, 18 de julho de 2009

      Bela aeronáutica

      Em França, no 14 de Julho:

      Demonstração colorida da Patrouille de France sobre os Champs-Élysées.
      O festival fechou com 31 helicópteros … ao som da Cavalgada das Valquírias de Wagner. Onde é que eu já vi isso ?

      U.S.A., 16 de Julho: lançamento do Endeavour


      Sempre partiu, da Flórida, com 7 astronautas , incluindo uma cidadã canadiana.


      Julie Payette operando os controles do Space Shuttle.

      sexta-feira, 17 de julho de 2009

      Hmmm... curioso... a república afinal sai mais cara !






      ........<





      Recebi isto via mail, não sei qual é a credibilidade, mas suspeito que possa ser verdade:

      Governo espanhol transfere para a CASA REAL ESPANHOLA 9.000.000 de Euros
      Governo português transfere para a PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA PORTUGUESA 16.000.000 de Euros.


      O custo da MONARQUIA em ESPANHA é 19 cêntimos por espanhol.
      O custo da REPUBLICA em PORTUGAL é 1,58 euros por português.


      Até isto sai mais barato do outro lado da fronteira. Possivelmente, o facto será explicado por a monarquia ter fontes de rendimento próprias adicionais. Mesmo assim: que faz a nossa presidência da república com 16 000 000 € ?


      Nota: não está em causa nenhuma personalidade.

      quarta-feira, 15 de julho de 2009

      Mahler e Hesse


      "O Mundo já pouco tem para nos oferecer, parece muitas vezes constituir-se de pouco mais do que barulho e receio, mas o certo é que a erva e as árvores continuam a crescer. Quando um dia a terra estiver completamente coberta de caixotes de betão, as nuvens continuarão a correr no céu e adquirir sempre novas formas, e aqui e ali as pessoas, por intermédio da arte, precisarão de manter uma porta aberta para o divino. "

      Hermann Hesse in Elogio da Velhice

      Parcialmente contemporâneos, Gustav Mahler e Hermann Hesse partilharam um mesmo mundo em convulsão, as mesma paixões da passagem do romantismo à modernidade, a mesma busca do espiritual que pudesse salvar o homem sofredor de uma realidade cada vez mais hostil.

      O "Jogo das contas de vidro" é, em Hesse, um equivalente à Segunda de Mahler. Tem tudo da arquitectura de uma sinfonia: andamentos, temas retomados, crescendos e diminuendos, tutti, múltiplas melodias e complexas harmonias. Tem a solidão e a miséria humana, a paz e a ressureição , como em Mahler. A Segunda tem dissonâncias e quebras de tonalidade, também o Jogo.

      Mutos paralelos se podem fazer mais genericamente entre a obra e a vida de um e a de outro. Mas no final tudo se resume a isso: manter uma porta aberta para o divino.

      Notando que deuses, somos nós.

      terça-feira, 14 de julho de 2009

      Sombreros, de Philippe Découflé

      Só agora tenho oportunidade de comentar o mais belo espectáculo de palco a que assisti este ano, no TNSJ, a 4 de Julho.



      Sombreros é uma obra prima, que nos maravilha com uma espécie de mundo alternativo onde a luz, a sombra e o movimento são os elementos essenciais, a que se juntam texto, voz, corpo, canto, música, orquestra...



      O que me conquistou logo nos primeiros minutos foi a estética: lindíssimos quadros de dança a preto e branco, imagem e reflexão, transportando-nos para um universo poético próximo do de Peter Pan, com magnifica movimentação e efeitos de sombra projectada ou a 3 dimensões (corpos-sombra). As sombras também podem ser rebeldes e ter vida própria...





      Depois vêm outros quadros onde nos deslumbra também a tecnologia: com vários planos do palco a ser usados simultâneamente, num difícil trabalho de sincronização, há texto falado, há a orquestra a interagir ao vivo, há dois ou três planos de fundo iluminados, ora verticais, ora horizontais, ora inclinados, com projecções de padrões que interagem com os bailarinos, há a magnífica música de Bryan Eno - um esfuziante e vertiginoso espectáculo de criatividade total que por vezes não cabe nos meus olhos e ouvidos, passa além das capacidades dos sentidos - só podia abarcar uma parte daquela torrente audiovisual.






      Com ritmo variado, a complexidade cresceu até um ponto paroxístico e depois amainou num final algo frustrante, humorístico mas de nível inferior, com uma citação do "Era uma vez no Oeste" de Sérgio Leone, os olhos de Henry Fonda a fazerem o bailado final, aquela música na harmónica de Ennio Morricone...



      Só lamentei não poder repetir: beleza, é isto, é criar uma realidade de onde não apetece sair.

      Já tinha feito uma referência a Sombreros aqui neste blog.

      segunda-feira, 13 de julho de 2009

      "Le Chant du Pluvier" - BD para o verão

      Na Gronelândia, pai e filho tentam recuperar de acontecimentos familiares trágicos e misteriosos. Uma história de sofrimento e palavras não ditas, no silêncio dos espaços e sons glaciares.

      A sabedoria inuit, os desertos de gelo, as noites brancas, criam o pano de fundo para uma bela história de reconciliação.


      "Le moteur tourne bien rond, il est juste ponctué par les chocs des blocs de glace sur la coque... "


      “O motor ronrona , punctuado apenas pelo choque dos pedaços de gelo contra o casco...”

      Gostei do livrinho: embora o desenho da figura humana seja muito tosco , consegue criar ambientes e situações com algum grau de intensidade dramática. Simpático.

      Le Chant du Pluvier, de Laprun (autora), Behe (texto) e Surcouf (desenho)
      Ed. DELCOURT (Dez 25 2009)
      ISBN: 978-2756010830

      domingo, 12 de julho de 2009


      If you like coffee with sand for dregs,
      A decided hint of salt in your tea,
      And a fishy taste in the very eggs -
      By all means choose the SEA.

      Lewis Carroll

      Se aprecia café com areia
      Um gostinho a sal no seu chá
      E sabor a peixe nos ovos -
      Não hesite, escolha - o MAR !

      Domingo na praia, dispenso.

      sábado, 11 de julho de 2009

      Não sei se notam que troco letras...

      É, muitas vezes sai ç em vez de l, r em vez de t, s em vez de a...

      Peço desculpa, não é por ser nabo ou trapalhão (sou), mas vejo bastante mal o teclado do laptop, desde que fui operado a um descolamento de retina. No écran é fácil aumentar o tamanho da letra ou fazer zoom. O maldito teclado é rígido.

      Ler jornais é um inferno, ler livros é com lentes especias de aumento que cansam a vista. Mal por mal, prefiro passar tempo na NET com trocas de letras e tudo.

      Enfim, Schlummert ein, ihr matten Augen...



      Divino não é, este David Daniels ? o melhor alto da actualidade...

      sexta-feira, 10 de julho de 2009

      Elbphilharmonie Concert Hall

      Ultimamente, a arquitectura de novas salas de concerto tem-nos dado obras marcantes e admiráveis; passando pela Casa da Música do Porto e pela Ópera de Oslo, chegou a vez de Hamburgo repensar a sua zona ribeirinha e inaugurar no novo espaço um espectacular complexo cultural - o Elbphilharmonie Concert Hall.


      Aproveitando um armazém dos anos 60, os arquitectos suíços Herzog & de Meuron erguem um edifício a partir do seu tecto, removendo o recheio mas aproveitando a forma cúbica. Nesse edifício híbrido surgirá como complemento um hotel 5 estrelas e 47 residências. No topo, uma estrutura de vidro curva e inclinada, em forma de onda. Entre o antigo e o novo edifícios, uma praça pública com uma vista excepcional , à altura de 37 metros.


      Prevê-se o concerto inaugural para 2012.

      link:

      quinta-feira, 9 de julho de 2009

      Clássica para as tardes de verão

      De longe o melhor programa que conheço para descontrair ouvindo boa música:

      Smooth Classics at Six with Margherita Taylor
      6:00pm - 9:00pm




      Exemplo de programação:


      9th Jul 2009

      18:04
      Barcarolle, by Jacques Offenbach
      18:09
      Berceuse in Ab major Opus 72, Peter Ilich Tchaikovsky
      18:15
      Suite Bergamasque (3), by Claude Debussy
      18:20
      Sarikiz: Concerto for Violin and Orchestra (2), by Karl Jenkins
      18:31
      L'Arlesienne Suite No.2 (3), by Georges Bizet
      18:35
      Flute Concerto in D major (2), by Wolfgang Amadeus Mozart
      18:44
      Piano Concerto No.2 in F minor Opus 21 (2), by Frederic Chopin
      18:53
      La Melancolie, by Ole Bull
      18:56
      'Sheep may Safely Graze', by Johann Sebastian Bach
      19:00
      Symphony No.3 in F major Opus 90 (3), by Johannes Brahms
      19:06
      Evensong, by Nick Fletcher
      19:11
      Peer Gynt Suite No.2 (4), by Edvard Grieg
      19:17
      The Golden Fly One, by Alessandra Celletti
      19:21
      Benedictus Opus 37 No.3, by Alexander Mackenzie
      19:31
      Cello Sonata No.5 in E minor RV.40 (3), by Antonio Vivaldi
      19:35
      Adagio for Strings, by Samuel Barber
      19:46
      Water Music Suite No.1 in F major (6), by George Frideric Handel
      19:50
      Serenade in E minor for Strings Opus 20 (2), by Edward Elgar
      19:55
      On Wings of Song Opus 34 No.2, by Felix Mendelssohn
      20:00
      American Beauty - Any Other Name, by Thomas Newman
      20:04
      Romance Opus 42, by Max Bruch

      terça-feira, 7 de julho de 2009

      Heróica DiDonato ! História de uma premiére absoluta...


      Vai ficar para a História o Barbiere di Siviglia em cena no Royal Opera House/Covent Garden; e não só pela direcção de Antonio Pappano (que também está ao cravo a fazer o contínuo !, e mesmo assim ao que dizem conseguiu "reinventar" a partitura!), nem só pela Rosina de Joyce DiDonato , o Don Basilio de Ferriccio Furlanetto , o Almaviva de Juan Diego Flórez (5 min de ovação de pé), o Bartolo de Alessandro Corbelli - um cast de sonho que só por si me faz chorar de pena de não poder assistir a uma récita que fosse !
      Mas... ópera é drama,não é? Pois aconteceu ! Na estreia a 4 de Julho, a pobre DiDonato, logo no 1º Acto, a seguir ao genial Una voce poco fa, tropeçou (??), a perna cedeu, caiu, levantou-se com uma cara esquisita e continuou - tinha acabado de partir a perna !!!


      Tinha fracturado a fíbula e anda agora com a perna engessada. Parece que dá dores inacreditáveis, ao ponto de provocar desmaios. Ninguém percebe como aguentou as 3 horas que faltavam da peça sem gritos nem ambulância. No final, longa ovação de pé , uma récita de arrepiar.


      Substituída nas restantes récitas? Nem pensar ! Mesmo contra a vontade dos médicos ( a lesão obriga a descanso , sem peso sobre a perna ) , insiste em ir actuar - de cadeira de rodas! Inédito ! É evidente que já não há bilhetes para ninguém.

      Muito mais, e fotos, em

      Pela mão da própria, no seu blog, vale a pena ler o bom humor da senhora:
      "From here on out, I declare that no one (please!) ever ever ever wish me again: "BREAK A LEG".

      Mais , no site da ROH:
      NOTA: a récita de 15 de Julho vai ser transmitida para fora de Covent Garden. Talvez nalguma TV britânica também.

      sábado, 4 de julho de 2009

      A’ teneri affetti

      Uma das preciosidades tocadas no Via Stellae de 2 de Julho, o dueto A’ teneri affetti de Haendel; aqui vai cantado justamente por Mingardo e Piau !



      um corridinho, com ritmo excessivamente marcado, mas inegável alegria; mas para comparação ouçam só a mesma numa versão dirigida pelo inglês Nicholas McGegan, com Drew Minter e Lisa Saffer:



      Para mim esta versão é muito superior, e, note-se - até mesmo no canto, embora Minter e Saffer não tenham a fama de Piau e Mingardo. Este dueto é muito mais perfeito, espantoso nas harmonias e correcto nas opções agógicas de McGegan.

      A' teneri affetti
      Il cor s'abbandoni
      Al duolo perdoni Chi gode così;

      condisce i diletti, memoria di pene;
      ne sa che sia bene chi mai non soffrì


      Já noutras peças, como Scherzano sul tuo volto e Più d’una tigre altero, Alessandrini e o Concerto Italiano construiram a melhor interpretação que até agora ouvi.

      Via Stellae, 2 de Julio



      Concerto Italiano, dirigido por Alessandrini, com Sandrine Piau e Sara Mingardo, no Auditorio de Galicia

      sexta-feira, 3 de julho de 2009

      O Fogo e o Gelo









      Fire and Ice de Robert Frost

      Some say the world will end in fire,
      Some say in ice.
      From what I've tasted of desire
      I hold with those who favour fire.
      But if it had to perish twice,
      I think I know enough of hate
      To say that for destruction ice
      Is also great
      And would suffice.

      quarta-feira, 1 de julho de 2009

      O Global Seed Vault: Previsões, catástrofes e bom senso - parte II


      Situado numa ilha remota do arquipélago Svalbard (ou Spitzbergen), sob administração norueguesa, o Global Seed Vault - em português Cofre Global de Sementes - fica ao fundo de um túnel de 120 metros , furado através de rocha com temperatura natural de -6°C, no permafrost Ártico.

      O Global Seed Vault protege variedades únicas de sementes como beringela, alface, cevada, batata, milho, arroz, trigo, feijão frade ou sorgo.

      O Cofre consegue resistir a mísseis, pestes, tsunamis e terramotos.
      Todas as nações foram convidadas pelo governo da Noruega (que financiou o projecto) a contribuir com sementes da sua região.

      As sementes são armazenadas em envelopes de alumínio selados por calor, desenhados para uso militar, e depois colocadas em caixas seladas em prateleiras de metal numa câmara de segurança fechada à pressão. Cada pacote tem uma amostra de um tipo de semente, de cerca de 500 sementes, dependendo do seu tamanho. Continuam a pertencer à nação que as cedeu para o Cofre.

      1 - Entrada
      2 - Túnel, reforçado com anel de aço
      3 - Gabinetes
      4 - Cofres de sementes

      Portas reforçadas a aço, câmaras com múltiplo sistema de fecho, monitorização por vídeo – e também :-) os temíveis ursos polares ! - fornecem protecção adicional. Mesmo em caso de falha de todos os sistemas, o permafrost da montanha onde está inserido garante temperaturas abaixo de -3.5º C , garantindo a conservação por alguns anos.

      O Global Seed Vault: Previsões, catástrofes e bom senso - parte I

      É cada vez mais frequente previsões a longo prazo servirem de justificação para medidas imediatas antipáticas ou penalizadoras. Isso nunca aconteceu antes na História: as pessoas sempre pensaram que o que fazem de bom para benefício de quem vive hoje será naturalmente bom para as gerações seguintes.

      As ideias dos "amanhãs que cantam", sacrificar hoje para colher no futuro (longínquo) , já ilustradas no célebre conto da cigarra e da formiga - apesar de tudo a formiga colhia o fruto do trabalho ainda em vida...- surgiram com as primeiras ideologias políticas, económicas e sociológicas, os primeiros estudos académicos nestas áreas, e as primeiras revoluções sujeitas a essas ideologias. Não vale a pena insistir no malogro que foram todos os modelos baseados no sacrifício hoje pelo homem novo, pelo futuro radiante amanhã, sendo que o novo e o amanhã eram adiados para São Nunca.

      Tendo conseguido ultrapassar esses modelos, no sentido em que as pessoas (globalizadamente) desataram a querer viver melhor hoje sem querer saber de amanhãs, saudável mentalidade de cigarra, eis que os arautos do mal-estar, do sacrifício e do masoquismo social voltaram à carga culpabilizando esta geração de estar a condenar as próximas a todas as desgraças e catástrofes. Tudo isto sem cabal prova científica, baseado em geral nos mesmos preconceitos sociológicos e económicos que já nos habituamos a ver falhar estrondosamente.

      Foi-se o melhor do sistema de apoio social europeu, afastando-nos cada vez mais da vida descansada dos nórdicos; deixamos de fumar, de comer bolas de Berlim, de usar sacos plásticos para o lixo, de nos arrefecer dos calores excessivos com ar condicionado, até o amor sofre limitações e gritos de alerta. Também dizem que somos demasiado ricos e devíamos voltar a viver com modéstia (Salazar tinha razão !). E evidentemente que o preço de não alinhar é a catástrofe anunciada, é hipotecar o planeta para as gerações futuras. Querem que deixemos de viver, em nome da felicidade de filhos e netos; filhos e netos a quem, por sua vez , em vez do paraíso, irão exigir que abdiquem de mais umas quantas coisas em nome de bisnetos e trinetos.

      Sabe-se que o bom senso é a qualidade mais rara e mal distribuída entre os homens. O bom senso indicaria que tentássemos melhorar sempre as coisas para nós, de forma duradoira, e assim as coisas melhorariam para quem vier a seguir. Melhorar os apoios na saúde e na velhice; melhorar os cigarros , as bolas de Berlim, os carros e o ar condicionado para que não sejam tão (ou nada) prejudiciais; melhorar vacinas e tratamentos; em suma, fazer um investimento em investigação, ciência e tecnologia dedicado às causas ditas alarmantes - e estudar seriamente até que ponto são alarmantes; não há razão para sermos todos musculosos e esguios, obedientes a um modelo único de sociedade sem plásticos nem vírus nem pastéis de nata, adoradores do Sol e da Terra mas pouco amigos dos humanos cheios de vícios de agora e hoje.

      Bom, tudo isto para falar agora de dinheiro bem gasto, ou seja, bom senso. Armazenar sementes de todas as plantas incluídas na nossa dieta alimentar , congelando-as para que nos possam valer em qualquer momento de catástrofe - asteróide, nuclear, glaciação , tsunami ou sermos esturricados pelo Sol - é uma ideia de tão genial bom senso , de custo/benefício tão altamente vantajoso, de valor educacional e patrimonial tão grande como a humanidade inteira. Só faz bem a todos - faz mal a ninguém.

      Claro, uma ideia destas só podia vir dos nórdicos, dessa Noruega tão mal querida por manter a felicidade e o bem-estar ao alcance de todos. Hoje.

      Continua na Parte II - post próximo.

      Afagar o Ego :-)))))

      Não se pode deixar de sorrir...

      http://www.monfestival.fr/

      Passei os 5000

      O Livro de Areia não é popular nem está na moda, chegar aos 5000 não foi fácil...
      Obrigado a visitantes, seguidores e comentadores. Estejam à vontade para vir mais vezes...


      Mário