domingo, 14 de março de 2010

Obra prima:
Scratch my back
de Peter Gabriel

Um fenomenal disco de canções como há muito eu não ouvia. Scratch my back de Peter Gabriel é um conjunto de versões orquestradas de canções criteriosamente seleccionadas , incluindo autores como David Bowie, Paul Simon (S&G), Lou Reed, Magnetic Fields, Neil Young, os Kinks. A surpresa está 1º) na voz de Gabriel, escura, íntima, vagamente rouca, com o sabor a casco de carvalho que traz a idade; 2º) nas orquestrações, sem guitarras nem bateria, só em piano, cordas e sopros, que não cederam à tentação do sumptuoso mas são muito bem compostas e enriquecem de intensidade cada uma das canções; são da responsabilidade de John Metcalfe e interpretadas por uma orquestra dirigida por Ben Foster, e pelo coro da Christ Curch de Oxford. Soam clássicas, um pouco à Gorecki, Ärvo Part.
Lembra-me um excelente disco de há anos, "Travelogue", em que Joni Mitchell reeditava muitas das suas canções também revisitadas e orquestradas em tom outonal.
Saliento "Heroes", de Bowie e Eno, a fechar o 2º CD; "Mirrorball", dos Elbow; "Book of love" dos Magnetic Fields, e o fabuloso "Waterloo Sunset" dos Kinks.
Heroes

Book of love


5 comentários:

Gi disse...

Ah, Mário, desta vez não concordo consigo, acho estas versões perfeitamente dispensáveis. Mas são gostos, senhor, são gostos...

Mário R. Gonçalves disse...

Gostos discutem-se, acho eu. Embora seja óptimo haver variedade de gostos, tenho pena que ache as versões dispensáveis. Algumas das canções eram bem mais fracas no original e ficaram a ganhar com o remake. O que lhe desagrada assim tanto?

Gi disse...

É capaz de ter razão, Mário, mas a que conheço melhor, Heroes, perdeu em graça e força. Aliás força não há nenhuma neste disco, c'est à dormir debout e, como tratamento contra as insónias prefiro as Variações Goldberg ;-)

Mário R. Gonçalves disse...

Ó cara Gi, mas as Variações são de outro campeonato! Seja por Glenn Gould ou por Pierre Hantaï, também não me canso de as ouvir.

Quando chamei "obra prima" ao disco de Peter Gabriel, pressupunha que estava uns furos abaixo, no domínio da música não erudita. E não, não me faz dormir, para as insónias deixo a TV ligada num canal qualquer :)

Gi disse...

Hehe Mário a tv como suporífero também funciona cá em casa.