quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dispenso Papas - 4

Em cada aldeia, há um homem que levanta a chama - o professor - e outro que tenta apagá-la - o clérigo.

Vítor Hugo


Questionemos mesmo a própria existência de Deus; porque, se Deus houver, deve aprovar muito mais uma homenagem da razão do que o medo cego.

Thomas Jefferson

Os homens nunca fazem Mal tão intensamente e empenhadamente como quando o fazem em nome da convicção religiosa.

Blaise Pascal

Nota
"Atheist Bus" é uma campanha contra a crença religiosa que tem percorrido vários países da Europa (ao que sei, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Holanda, Itália - mas só em Génova! -, Finlândia), vários estados americanos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia.

A campanha foi lançada pela British Humanist Association.

4 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

Bem mas também era o mesmo Blaise Pascal que inventou a forma de se tornar crente sem à partida o ser. Dizia ele que bastava fingir com intensidade e perseverança que ao fim de um tempo passava-se a acreditar mesmo. Não sei se o disse por experiência própria. isto dito obviamente a religião não é condição necessária nem tão pouco suficiente para se ser uma pessoa ética e respeitar os restantes seres humanos. isso é uma característica ortogonal a qualquer crença religiosa. No que me diz respeito como católico praticante que não se revê em muitos dos dogmas da sua igreja só posso dizer que os males feitos em nome da religião resultam dos mesmos defeitos dos homens que os praticam em nome de outras causas igualmente não merecedoras como a pátria por exemplo. Nas palavras de Jacques Brel (ou Brassens não estou seguro) Mourrir pour des idées, oui mais pas trop vite ... pas tout de suite :-))

Mário R. Gonçalves disse...

Fernando, gostava de não ser tão breve mas tem de ser: a "pátria" pode ser uma causa estúpida para se lutar e morrer, mas também pode ser uma causa nobre. De qualquer forma, é real, é um território, uma cultura, pessoas. Uma religião é uma crença sem fundamento baseada em escritos dúbios e anseios pessoais. Admito a boa fé e a dignidade da maioria dos crentes, mas aquilo que defendem nunca pode ser motivo de violência contra outros, pois não há "nada" a defender senão um estado de espírito.


Muito mais havia a dizer, desculpe a falta de tempo.

Abraço

Fernando Vasconcelos disse...

Mário, está desculpado pela falta de tempo claro. Até porque esta conversa será difícil ter em caixas de comentário. Diz que é diferente a noção de Pátria e de religião. Diz que pode ser uma causa nobre. Será mesmo? Não se esqueça que para que seja necessário defender uma pátria é preciso em primeiro lugar que alguém a ataque ... e tipicamente esse ataque resultará da "desculpa" de defender outra pátria. Não me interprete mal, não é que seja contra a noção de pátria ou de nação, apenas lhe dava um exemplo de como tanto pátria como a religião são conceitos que são neutros em si. Tal como a ciência. É tão errado acusar a ciência das mortes de Hiroxima como acusar a fé das mortes nas cruzadas. É na fraqueza dos homens que está a necessidade de violência, não na fé na pátria ou na ciência. Há muita violência, estupidez e ignorância em alguns dogmas da igreja católica apostólica romana. Só por dizer isto eu já poderia ser excomungado. Não sigo cegamente uma igreja que é apenas uma construção dos homens. Mas se me perguntar se tenho fé responderei que sim. Isso afecta a minha capacidade de raciocínio? Não creio. São dois planos diferentes. O plano da matéria e do espírito. Mas Mário tal como normalmente dá mau resultado quando se procura que o espírito se imiscua no plano material o inverso não deixa de ser igualmente verdade. Mas isto na verdade seria uma longa conversa. Uma coisa lhe digo só para terminar. Não acho que o facto de ser católico, muçulmano, Hindu, Ateu ou ... torne alguém melhor ou pior pessoa. Essa qualidade é independente de qualquer tipo de crença ou gosto ... e ia terminar com "Graças a Deus" mas poderia não gostar :-) ... Grande Abraço, Fernando

Mário R. Gonçalves disse...

Compreendo que "religião" é uma ideologia colectivo e alienante enqunto "fé" é um irrestível apelo individual, e nestes termos obviamente não tenho nada contra a fé. Há muitos cientistas com "fé" em "deuses" bem estranhos. Só que não se instituem em religiões e igrejas.

Eu podia dizer que não há mal nenhum em ter "fé" em OVNIS. Mas desde o momento em que se constroi um sistema colectivo de explicação de fenómenos e um proselitismo para captar novos aderentes para uma crença colectiva, está o caldo entornado e a via aberta para uma "guerra" aos herejes anti-OVNIS. Percebe?

Muitos amigos meus são crentes de um deus que seja apenas a explicação última e não o ser protector a quem se reza. Penso que essa divindade é uma necessidade mais racional do que espiritual, não se recorre a ele em momentos de aflição...Mesmo assim, estranho essa necessidade que não sinto, dou-me perfeitamente bem com o vazio das origens e a total solidão da pessoa no Universo. É terrível e assustador, mas também grandioso e empolgante.

Gosto muito de falar consigo, Fernando. Já votei na Norma (não é secreto, pois não?)