domingo, 16 de maio de 2010

Palavras de um grande Presidente

Os pais fundadores da Democracia eram Homens de outra têmpera. James Madison (1751 –1836) , o 4º presidente dos Estados Unidos, era filósofo além de político. Foi o principal autor da mais antiga constituição do mundo (1788), pela qual se bateu toda a vida, Contemporâneo de Mozart (dá vertigens!), produziu extensa obra de pensamento político. Algumas citações:

A popular government without popular information or the means of acquiring it, is but a prologue to a farce, or a tragedy, or perhaps both.

Um governo do povo sem que o povo esteja informado ou tenha meios de adquirir informação é o prólogo de uma farsa, ou de uma tragédia, ou ambos.

Knowledge will forever govern ignorance; and a people who mean to be their own governors must arm themselves with the power which knowledge gives

O conhecimento há-de sempre governar a ignorância; um povo que se quer governar tem que se armar com o poder que o conhecimento confere.

Religious bondage shackles and debilitates the mind and unfits it for every noble enterprise, every expanded prospect.

A escravidão da religião agrilhoa e debilita a consciência e torna-a inapta para experiências novas, para perspectivas mais largas.

In no instance have... the churches been guardians of the liberties of the people

Em caso nenhum as igrejas foram guardiães das liberdades dos povos.

Hoje Madison seria um infame ateu. Como é posssível que ao fim de 200 anos não tenhamos aprendido nada ?


5 comentários:

Xico disse...

Madison opunha-se à organização das igrejas e à sua ligação aos governos. Em muitos dos seus escritos vemos contudo um homem crente e não ateu.
Mas Madison não viu o glorioso século XX onde finalmente as religiões foram afastadas dos governos e até proibidas. Onde isso aconteceu a liberdade foi tanta que os povos a recusaram!

Gi disse...

Mário, na segunda citação eu traduziria o primeiro Knowledge por conhecimento, como fez com o segundo. Sabedoria guardaria para wisdom que, como sabemos, é outra coisa.

Mário R. Gonçalves disse...

Xico,

faça-me a justiça de não me tomar por pro-sovietico, era o que faltava.

Eu advogo um combate pelas ideias e pelo exemplo, não uma repressão violenta à religião. Proibir é a coisa mais estúpida que se pode fazer, só aumenta a tentação do proibido. Mas sempre lhe digo que a população esquimó / inuit, que não tem religião nem deus (embora tenha crenças ingénuas), nem por isso é menos feliz ou mais violenta. Que eu saiba, até nunca teve guerra nenhuma com ninguém.


Gi, obrigado pelo reparo.

Carlos Pires disse...

Mário:

São de facto boas ideias, e expressas de modo claro e apelativo. Era bom que os políticos actuais conseguissem pensar e exprimir-se assim.
Por outro lado, dá que pensar o facto da grandeza de James Madison não ter sido suficiente para o levar a perceber a injustiça da escravatura, a injustiça do modo como os Índios foram tratados, a injustiça da discriminação das mulheres...
Sucedeu o mesmo a outras grandes figuras do passado: Sócrates, por exemplo.
E certamente acontecer-nos-á o mesmo a todos nós, grandes e pequenos: coisas que achamos normais serão consideradas um dia obviamente erradas.
A História, a Sociologia e mesmo a Filosofia - em conjunto ou separadas - explicam facilmente porque é que isso sucede. Mas, mesmo assim, creio que ainda sobra espaço para alguma perplexidade e dúvidas acerca do valor dos juízos que nós, seres humanos, vamos fazendo.

Mário R. Gonçalves disse...

Sem dúvida. E sobra também perplexidade perante a inexistência de nossos contempoâneos capazes de produzir um pensamento decente que não seja a cassette do politicamente correcto. Parece que o tema da discriminação secou tudo o resto, como um eucalipto.