segunda-feira, 24 de maio de 2010

Socorro! Sufoco com tantos livros!

Mesmo com uma selecção rápida e às vezes injusta, os livros amontoam-se à volta de mim. Só ainda não invadiram o tecto e o teclado do computador. Já excluo as obras de jornalistas pivots e de prémios Nobel recentes; excluo quase tudo o que é PALOP por uma questão de saúde mental, e as BD horrendas que se publicam aos milhares com monstros ou figuras que parecem desenhadas num kindergarten, a 2 dimensões; excluo a 3ª obra ( à 2ª, ainda cedo) de um autor de grande sucesso de aeroporto; claro que conselhos de bricolage ou cozinha criativa viajam por express mail para o lixo; nada de sagas com 5 ou 6 volumes - raramente passo do 2º; novos filósofos, depois de lidas algumas páginas, só me fazem saudade dos antigos, e vão despachados para amigos (servem para as ocasiões); fujo das Memórias (sobretudo de infância), das autobiografias, dos Estudos Políticos e dos maníacos do esoterismo tipo "influência da Kabala na Idade Média no Al-Andalus"; parece que já não sobra nada? Puro engano! Pode não haver pouca gente que faça música, pintura ou cinema de jeito, mas isso não ocupa espaço em casa ; mas livros, são às toneladas, e não me falem em feiras!

Quem anda para aí a fazer campanha pelos livros (já vi um belo vídeo chamado Book) deve estar equivocado. Ainda se publicam mais livros do que telemóveis, e em grande parte com vantagem destes últimos. O livro é uma praga - qualquer zé-ninguém escreve as suas memórias de criança, conselhos de pai, primeiro romance, ensaio cabalístico e experiências culinárias inovadoras. Graças, GRRRR, à internet e aos computadores, qualquer um faz a sua própria edição. O espectáculo mais deprimente que conheço é ver aquelas pessoas sentadas nos sofás da FNAC a ler uma bodega qualquer. Porque não vão ver televisão?

O livro não é democrático. Dos triliões de humanos que já habitaram o planeta, escassas centenas escreveram alguma coisa de jeito. Não digo que se façam fogueiras, mas
1 - as livrarias deviam ter 2 secções:
a) Livros
b) Coisas editadas

2 - Por saúde pública, podia criar-se mais um contentor de lixo para "coisas a não ler", com prémios a quem mais contribuísse e interdição de exportar para Moçambique.

8 comentários:

Gi disse...

A minha próxima biblioteca terá estantes com portas de vidro para protegerem os livros do pó.

Antes disso ainda terei de dar ou vender pelo menos metade dos livros que tenho hoje. Um terço, vá.

Alberto Velez Grilo disse...

Mário, o que é isto?!

Quanta revolta! Veja lá se qualquer dia não tem um convite para publicar em livro os artigos do Livro de Areia!

Um abraço

Mário R. Gonçalves disse...

Não há revolta aqui, Alberto! Porque será tão difícil fazer passar sentido de humor sem colocar "emoticons" ? Defeito meu, com certeza.

Mas que há excesso de lixo publicado, há; e como diz a Gi, cerca de 1/3 de lixo comprado, hélas: as criticas dos amigos e dos jornais nem sempre são de fiar. Depois há toneladas de manuais escolares inutilizáveis...

Tal como venho fazendo, o melhpr é reler os bons velhos clássicos.

Alberto Velez Grilo disse...

Mário

Respondi com humor ao seu sentido de humor!

Concordo consigo, quando diz que há muito lixo publicado. Discordo, porém no que respeita aos PALOP. Considero que há autores destes países que merecem ser lidos.

Um abraço

Mário R. Gonçalves disse...

Claro, mas nunca engrossarei essas edições PALOP com textos do meu blog, descanse, não desejo torturar ninguém;)

Moura Aveirense disse...

Está com falta de ler Mia Couto para acalmar ;)

Carlos Pires disse...

É preciso escolher. Mas ao escolher ganhamos uma coisa e perdemos muitas outras. Há filósofos que chamam a isso finitude.

Mário R. Gonçalves disse...

Meu caro Carlos,

desculpe a ironia, mas dessa finitude é que me queixo: a finitude da minha escolha invade um infinito espaço à minha volta! Invade zonas da casa onde não era suposto haver livros, e até a mala do carro.

Nem quero imaginar o que seriam as "muitas outras coisas" que estou a perder. Pelo sim pelo não, aposto nos valores seguros da releitura e estou numa de despachar livros às dúzias.

O outro drama é: vou dar o livro X ao amigo Y, se nada me garante que valha alguma coisa? Ou vou mandar livros ao quilo para Moçambique? A solução provisória é fazer caixotes e levá-los à escolinha onde estudei. Há duas hipóteses: ou eles deitam tudo borda fora, ou fazem feira do livro da escola para beneficiência. Já nem quero saber.

Cara Moura Aveirense: grato pela sugestão, mas Mia Couto não me acalma. Para me acalmar, só Valium enquanto não consigo o Vicodin do DR House.