sexta-feira, 28 de maio de 2010

Nenhum deus faria melhor

Duas árias da mais admirável música que jamais foi escrita, música de génio, se a há ; são duas preciosidades do super-dotado Georg Friedrich Händel, escritas para acompanhar uma pequena peça chamada "Alceste", esboço de ópera, ou "semi-ópera", que nunca chegou a ser representada. Quem procurar aqui dramatismo ou pathos, bravura ou longos vibratos, não encontra nada disso - só delicadeza, alegria e gentileza, e uma minuciosa articulação entre música e palavra, num contraponto que nenhum compositor conseguiu tão perfeito como Handel.

Come Fancy, empress of the brain

Come Fancy, empress of the brain,
and bring the choicest of thy train
to sooth the widow’d monarch's pain!

Close by his side
in mimic pride
let fair Alceste still display
her charms, as on the bridal day.

Canta Emma Kirkby

Gentle Morpheus, son of night

Gentle Morpheus, son of night,
hither speed thy airy flight!
and his weary senses steep
in the balmy dew of sleep.

That when bright Aurora's beams
glad the world with golden streams,
he, like Phoebus, blithe and gay
may retaste the healthful day.

Gentle Morpheus, son of night
Emma Kirkby George Frideric Handel: Alceste


A gravação é também uma absoluta obra prima dos tempos áureos de Emma Kirkby e da Academy of Ancient Music dirigida por Christopher Hogwood (L'oiseau Lyre). Apetece-me dizer que já não se faz música assim - os agrupamentos de referência das reinterpretações históricas têm vindo a perder frescura e agilidade. Tesouro para a minha ilha deserta, portanto.

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